Loop de Loriga

Backpacking na Serra da Estrela

Loop de Loriga

Caminhar na montanha em total autonomia é uma das mais puras formas de estar em liberdade na natureza. Com o hotel e o restaurante dentro da mochila, podemos explorar a imensidão da paisagem sem ter pressa de chegar.

Para quem conhece bem a Serra da Estrela, não faltam opções para caminhar em autonomia. Mas, para quem necessita seguir trilhos sinalizados ou rotas por GPS bem estruturadas, não existe assim tanta oferta de rotas de longa distância por estes lados.

Nesta minha proposta, a que chamei “Loop de Loriga”, poderão vir conhecer uma das zonas mais fantásticas da nossa maior montanha, numa rota circular para percorrer em 3 dias a pé e 2 noites em bivaque sob as estrelas.

O Loop de Loriga é uma rota exigente em termos físicos e técnicos e é recomendada para quem já tenha experiência em caminhadas de montanha ou, pelo menos, que venha acompanhado por caminheiros ou montanhistas mais experientes.

Com início e final em Loriga, o Loop de Loriga percorre a magnífica Garganta de Loriga, atravessa o Planalto Superior com passagem pelo Alto da Torre, desce para Alvoco pelo duríssimo trilho do “Quilómetro Vertical”, seguindo depois por levadas e veredas ao longo das ribeiras de Alvoco e de Loriga.

Quase sempre acompanhada pela água, é uma rota perfeita para fazer no Verão (claro que tendo o cuidado de evitar os troços mais exigentes nas horas de mais calor). Entre cascatas, “poços de broca” e lagoas de montanha, não faltam opções para dar um mergulho ou meter os pés de molho!

Vê a rota e descarrega o track GPS no AllTrails!

O registo na plataforma AllTrails é gratuito e podes ter acesso a milhares de outras rotas em Portugal. Podes também descarregar a App para o teu telemóvel, que podes usar para te orientares durante as caminhadas e registares os teus próprios percursos.

pela Garganta de Loriga

De mochila às costas e bastões ajustados, depois de tomarmos o café acompanhado de uma fatia de Bolo Negro de Loriga, é hora de seguir caminho.

O Loop de Loriga começa no centro desta vila de montanha e, até deixarmos a civilização para trás, iremos seguir por entre as ruas estreitas e inclinadas de Loriga. Ainda nem pisámos os primeiros metros de trilho e já temos uma boa amostra do que nos espera!

De Loriga até ao Alto da Torre serão quase 11 km de subida contínua, com mais de 1200 metros de desnível acumulado a superar. Mas a dureza da subida é largamente compensada pela beleza magistral da Garganta de Loriga, um dos mais espectaculares vales de origem glaciária da Serra da Estrela.

Terminado o asfalto, as primeiras rampas são de tirar o fôlego: o corpo ainda se está a habituar ao peso da mochila e as elevadas pendentes iniciais não facilitam a progressão. Valham-nos os bastões para dar aquela tracção extra no areão grosseiro que teima em nos resvalar por baixo dos pés.

Aos poucos, a paisagem vai mudando e, numa curva do caminho, o majestoso vale de perfil em U surge-nos de repente em todo o seu esplendor. Lá em baixo corre a ribeira da Nave, aos tropeções pelos ressaltos de pedra e formando cascata atrás de cascata. Para cima, pela encosta que se ergue à nossa esquerda, segue discreto o trilho que vamos seguir.

O trilho agora já é verdadeiramente de montanha, assinalado por mariolas e marcações pintadas a amarelo e vermelho (PR5 SEI – Rota da Garganta de Loriga), para que não haja dúvidas do caminho a seguir. De quando em quando, os enormes blocos de granito que ali foram sendo depositados pelo glaciar fazem-nos imaginar como terá sido o cenário há 20 mil anos atrás.

Rebanho na Garganta de Loriga
Ainda há pastores na Garganta de Loriga

os Covões da Garganta de Loriga

A meio do vale, chegamos ao primeiro grande “degrau” da Garganta de Loriga: o Covão da Areia. Encravado entre as escarpas e atravessado pela ribeira da Nave, o Covão da Areia é o spot perfeito para uma pausa (ou até para pernoitar, caso tenham começado a caminhada a meio do dia). Meio escondida entre as pedras, até existe uma nascente onde podemos reabastecer os cantis.

Seguindo caminho, rapidamente chegamos ao patamar seguinte: o Covão da Nave. Tal como o Covão da Areia, também este covão é um local de excelência para apascentar o gado e, não raramente, nos cruzamos aqui com pastores e seus rebanhos de cabras. Atenção aos Cães da Serra, que não gostam de intrusos a aparecer de surpresa no meio do rebanho!

Ao fundo, a contrastar com as paredes de granito, surge o paredão da barragem do Covão do Meio. Seguindo o trilho sinalizado, será para lá que iremos caminhar. O percurso não é complicado, mas de vez em quando teremos que usar as mãos para trepar algum calhau. Com a rocha molhada é que teremos que ter um cuidado extra, pois o granito polido pela passagem do gelo glacial dá 10 a zero à sola de quaisquer botas de montanha.

Queres apoiar o projecto Portugal Outdoor?

Se gostas dos conteúdos aqui partilhados (de forma livre e gratuita para toda a comunidade), podes retribuir com o envio do teu donativo.
É tão simples como pagar um café.
Segue o link para saberes mais como fazer parte deste projecto.

A barragem do Covão do Meio faz parte do sistema de produção hidrelétrica da Serra da Estrela, mas não é neste vale que a electricidade é produzida. Em vez disso, as águas são encaminhadas por um longo túnel que fura a montanha e vai desembocar na Lagoa Comprida. Mas, durante o Verão, as comportas da barragem ficam abertas para deixar passar livremente toda a água que irá alimentar a ribeira de Loriga e as levadas que regam os seus lameiros, por isso não estranhem se se depararem com a barragem totalmente vazia.

O nosso caminho contorna agora a barragem, seguindo meio por veredas, meio por degraus de cimento e já se sente a proximidade ao topo da Serra. O antigo caminho de acesso à barragem, bastante degradado, complica a progressão, mas rapidamente chegamos ao Covão do Boeiro.

Ao passar o Covão do Boeiro, o GPS encaminha-nos para fora do caminho: daqui até ao Alto da Torre seguiremos pela antiga rota T1 do Parque Natural. Caída no esquecimento, as marcações desta rota há muito que se perderam, mas seguindo a linha do GPS e as mariolas não é complicado encontrar o melhor caminho.

Covão da Areia - Garganta de Loriga
O magnífico Covão da Areia

o Planalto Superior

Ao chegarmos ao Planalto Superior, a passagem da Lagoa do Covão das Quelhas faz-se por cima do pequeno muro da represa, mesmo quando a água corre por cima do muro (espero que se tenham lembrado de trazer botas impermeáveis!).

Ali logo ao lado, ficam mais duas lagoas: a Lagoa Serrano e a Lagoa da Francelha. Se o dia já vier longo e as pernas já cansadas, a Lagoa da Francelha (por ser mais afastada e discreta) poderá ser um bom spot para assentar arraial e ficar para a noite. Aqui por perto, a única opção de alojamento é a Casa Abrigo do Clube Nacional de Montanhismo (junto à estância de ski), mas que apenas funciona para grupos e com reserva prévia. Se, no entanto, ainda estiverem frescos e com vontade de continuar caminho, a rota segue agora em direcção ao Alto da Torre.

O Alto da Torre, apesar do óbvio simbolismo de ser o ponto mais elevado da Estrela e de Portugal continental, não é para mim (e para muitos outros) um ponto de passagem assim tão agradável. A degradação do local é por demais evidente e os comportamentos menos sensíveis de muitos visitantes contribuem para que normalmente eu evite passar por lá.

No caso do Loop de Loriga, apesar de muitas reticências, acabei por traçar a rota por lá, mas para quem como eu prefere não ver o desrespeito por esta área tão sensível, é fácil atalhar (mesmo sem trilho visível ou sinalizado) pelo planalto. Para atalhar caminho e evitar passar pela Torre, basta seguir pelo track alternativo (ver track GPS para download).

Nesta rota alternativa pelo planalto, para além de evitarmos a Torre, podemos também ir conhecer o Covão d’Alva, um local fantástico para passar a noite a ver as estrelas e acordar com o nascer-do-sol. Durante o Verão poderá não haver aqui disponibilidade de água (para cozinhar, filtrar ou tratar para beber), pelo que poderá ser boa ideia atestar água (para a noite e para parte do dia seguinte) ao passar na Lagoa Serrano (não usar água da Lagoa do Covão das Quelhas, pois é afectada pela proximidade à Torre).

Bivaque no Planalto Superior
À espera do pôr-do-sol no Planalto Superior

[ guia para Backpacking ]

Queres começar a fazer caminhadas em autonomia?

Segue o link e aprende (quase) tudo para pernoitar na montanha durante as tuas caminhadas em rotas de longa distância:

a descida do Quilómetro Vertical

Quando chegamos à beirinha do planalto e olhamos para baixo, até ficamos com dúvidas se o caminho é mesmo por ali. Mas é! Espera-nos uma (muito) longa descida até chegarmos a Alvoco da Serra.

Desde o limite do planalto (a cerca de 1900 metros) até chegarmos a Alvoco da Serra iremos descer qualquer coisa como 1.100 metros de altitude ao longo de 5 km. Coisa simpática para os joelhos, portanto.

Hoje em dia este trilho é muito procurado por trailrunners, sendo uma das grandes dificuldades dos eventos de trail que são regularmente organizados na Estrela, mas outrora era por aqui que os pastores traziam o gado transumante à procura dos pastos mais frescos durante os meses de Verão.

Além disso, também este troço do Loop de Loriga é coincidente com um dos percursos de Pequena Rota das Aldeias de Montanha (PR14 SEI – Rota do Pastoreio) e encontra-se devidamente sinalizado com as tais marcas pintadas a vermelho e amarelo.

A descida é praticamente sempre a direito, seguindo a linha de cumeada de um dos contrafortes da Serra da Estrela. À nossa direita corre o Vale Glaciário de Alvoco, mais um dos que há 20 mil anos estaria coberto de neve e gelo.

Ao chegarmos à base da encosta, onde as várias linhas de água que irão formar a ribeira de Alvoco se unem, o nosso caminho passa a ser entre muros de pedra. Estes caminhos, chamados “canadas”, eram uma espécie de rede viária para facilitar a condução dos rebanhos e evitar que as cabras e ovelhas devorassem os campos de cultivo dos vizinhos.

Ainda em descida, mas bem mais suave que lá atrás, as canadas conduzem-nos agora a nós até à aldeia de Alvoco da Serra. De regresso à civilização, aproveitemos para fazer uma pausa e reabastecer mantimentos. As opções não são muitas, mas existe café, mercearia e até alojamento local.

Fragões da Estrela
Os imponentes fragões da Estrela

pela Ribeira de Alvoco

Depois de Alvoco da Serra, seguimos ribeira abaixo. A partir de agora, o cenário à nossa volta será totalmente diferente e a montanha será apenas pano de fundo.

O nosso caminho segue agora a meia encosta, em suave descida e a acompanhar as águas da ribeira. A orientação aqui é mais fácil do que lá em cima na montanha, mas o caminho continua sinalizado pelas marcações pintadas a amarelo e vermelho (PR13 SEI – Rota da Ribeira de Alvoco).

Junto à aldeia de Vasco Esteves de Baixo, a praia fluvial do Poço do Lagar convida a um curto desvio para meter os pés de molho. Durante o Verão existe um bar onde dá para beber e comer qualquer coisa, mas a relva está lá todo o ano para fazer uma pausa e dormir a sesta.

Poço do Lagar - Ribeira de Alvoco
Poço do Lagar na Ribeira de Alvoco

Trutas e Poços de Broca

E em “poços de broca”, já ouviram falar? Provavelmente até já viram fotos das cascatas que abundam aqui na zona, mas o que pouca gente sabe é que foram criadas artificialmente. À falta de terrenos férteis e aptos para cultivo, há coisa de 200 anos, o engenho das gentes locais aproveitou os meandros naturais da ribeira para desviar as suas águas e criar “braços mortos” na ribeira, criando amplas zonas de grande fertilidade para fazer as suas hortas. E as cascatas que hoje são tão procuradas, são o resultado desse atalho artificial no curso das ribeiras.

Perto da aldeia do Aguincho, o caminho passa precisamente junto a um viveiro de trutas que foi construído num desses braços “mortos” criados pelo desvio das águas da ribeira. Logo ali ao lado há também uma cascata, mas o melhor desse spot é mesmo o restaurante do viveiro, onde podemos comer trutas fresquíssimas e acabadas de apanhar. Até podem ir ver o viveiro e escolher a(s) que querem comer, mas se quiserem mesmo ter a certeza que têm mesa à vossa espera, o melhor é ligar ao Carlos antes de lá chegarem (968 248 257).

Depois do Aguincho ainda vamos passar por mais uns quantos poços de broca: o de Frádigas, o da Barriosa, o do Muro, o de Serapitel… mas a isso já lá chegaremos.

Provavelmente, ao chegarem por esta zona, o dia já deverá ir longo e poderá ser boa ideia começar a procurar lugar para assentar para a noite. Nas várzeas junto à ribeira há bons sítios para bivacar, com chão mais regular e com água por perto. Em alternativa ao bivaque, existe opção de alojamento local na aldeia do Aguincho.

Trutas do Aguincho
Trutas "take-away" do viveiro do Aguincho

pela vereda da levada

Depois de passarmos pela aldeia do Aguincho, o nosso caminho passa a seguir em boa parte pelas veredas que acompanham as levadas.

Antigamente, as levadas eram a única forma de conseguir regar hortas e lameiros, desviando as águas da ribeira a montante para ir regando os terrenos mais à frente. Hoje em dia, muitas dessas levadas ainda continuam a uso, mas as veredas que as acompanham passaram também a ser usadas como trilhos pedestres.

O troço de levada entre Frádigas e a Barriosa é um dos mais sketchy de toda a rota. A vereda que acompanha e levada é estreita e irregular, muitas vezes tomada pela vegetação que vai crescendo pelo reduzido uso da rota, mas são alguns pedacitos mais expostos ao vazio que podem meter mais respeito a quem tenha mais vertigens. Recomenda-se um cuidado extra para ver onde vamos metendo os pés.

Os poços de broca de Frádigas e da Barriosa convidam também a uma pausa. O poço de Frádigas é menos conhecido e por isso podemos desfrutar do local em sossego quase garantido. No poço da Barriosa, dificilmente vamos ter esse sossego, mas podemos aproveitar para almoçar sentado à mesa ou para beber uma fresquinha com os pés de molho.

Levadas de Loriga e Alvoco da Serra
A água ainda corre pelas levadas de Loriga e Alvoco da Serra

pela Ribeira de Loriga

Depois da Barriosa, saltamos a cumeada e aterramos directamente na ribeira de Loriga. Daqui até ao final do nosso loop seguiremos contra-corrente pelo vale acima. Para não variar, o nosso caminho continua sinalizado com as tais marcações pintadas a amarelo e vermelho (PR2 SEI – Rota da Ribeira de Loriga), mas a estas marcações junta-se temporariamente a risca branca que assinala a GR22 – Grande Rota das Aldeias Históricas.

A primeira aldeia chama-se Muro. O nome não virá daí, mas o caminho que liga a ribeira ao centro da aldeia é uma autêntica parede. Talvez não seja má ideia ir refrescar a alma na pequena praia fluvial ao atravessarmos a ribeira.

A próxima aldeia é o Casal do Rei, sem dúvida uma das pérolas das Aldeias de Montanha. Entre o Muro e o Casal do Rei, a vereda da antiga levada já deixou de ser transitável há um tempinho e (enquanto não for devidamente reparada) é preciso seguir caminho pela estrada.

Mas em Casal do Rei, não são só as casas de paredes e telhados de xisto que merecem destaque. É que no outro lado da ribeira, na encosta em frente à aldeia, estende-se a Reserva Botânica do Bosque de Casal do Rei, um bosque reliquial onde ainda podemos encontrar uma pequena amostra do que seria a vegetação natural da região Centro, antes de ter sido devastada pelo pinheiro e pelo eucalipto. Entre as mais de 200 espécies de plantas que lá existem, o natural destaque vai para o Azereiro, que ali vai sendo acompanhado por Azinheiras, Medronheiros, Castanheiros e Folhados.

Seguindo caminho pela levada, em pouco tempo estaremos aos pés da aldeia de Cabeça. A aldeia fica lá em cima, mas a pausa no Poço da Ponte é obrigatória, seja para um mergulho ou apenas para respirar a calma daquele lugar.

Ribeira de Loriga
A refrescar o corpo e a alma na Ribeira de Loriga

o regresso a Loriga

Loriga já fica quase ao virar da esquina. Depois da pausa em Cabeça para conhecer a “primeira aldeia LED de Portugal” (yap, é mesmo verdade: desde 2011 que toda a iluminação pública de Cabeça passou a ser em LED!), lá teremos que meter a mochila às costas e continuar o nosso caminho.

Até chegarmos perto do poço de broca do Serapitel o nosso caminho ainda será pelas veredas que acompanham a levada. Para visitar este poço é preciso sair do trilho sinalizado e seguir mais um pouco pela levada.

Com o fim das levadas, os trilhos esquecem-se do que é uma curva de nível e voltam a subir à bruta pela encosta acima. Mas, cruzada a cumeada, somos brindados com o magnífico cenário de postal que envolve Loriga.

Agora sim, Loriga já fica ali ao virar da esquina, mas o mar de socalcos ainda convida a uma pausa para respirar e contemplar. E depois, é só subirmos até ao centro de Loriga para terminar este loop de 3 dias com a mochila às costas!

Socalcos de Loriga
Os socalcos de Loriga

Dicas úteis

Como chegar: para chegar a Loriga é possível usar a Rede Expresso. As opções de horário são reduzidas, mas (quando possível) é sempre melhor usar os transportes públicos que levar o carro.

Onde dormir: não faltam opções de alojamento em Loriga, desde camaratas em hostel até alugar uma casa completa para a família inteira. Vejam aqui as vossas opções. Durante a rota, para além da opção de bivaque, as opções de alojamento são limitadas, mas é possível percorrer a rota pernoitando apenas em alojamentos. Junto à Estância de Ski (perto da Torre) existe a Casa Abrigo do Clube Nacional de Montanhismo, mas é mais indicada para grupos (aluguer da casa inteira) e é necessário reserva prévia. Entre Alvoco da Serra e Loriga existem algumas opções de alojamento local que podem encontrar aqui.

Onde comer: em Loriga existem várias opções de restaurante ou mercearias para abastecer de mantimentos para os dias seguintes, mas se tiverem necessidades específicas pode ser preferível fazer as vossas compras antecipadamente. Ao longo do Loop de Loriga, é possível encontrar cafés ou mercearias em quase todas as aldeias. As melhores opções de restaurante ao longo da rota são o Viveiro das Trutas (podem levar trutas take-away!) ou o Guarda-Rios, junto ao Poço de Broca da Barriosa.

Previsões meteorológicas locais: para além das previsões oficiais do IPMA, existem vários projectos locais de meteorologistas amadores, mas que têm um conhecimento do território que lhes permite ser muitas vezes mais assertivos. Destaco as previsões do Vitor Baia e o projecto MeteoEstrela.

Água: dependendo da época do ano, a minha recomendação será levar convosco um mínimo de 1 a 1,5L durante o dia. Se forem pernoitar longe de algum ponto de água, será recomendado ter convosco 2,5 a 3L para cozinhar, beber durante a noite e para as primeira parte da caminhada no dia seguinte. Na Garganta de Loriga existe uma nascente no Covão da Areia, mas podem sempre filtrar água da ribeira. No Planalto Superior poderão filtrar água das lagoas ou abastecer na Torre. Durante o resto da rota terão sempre aldeias, a ribeira ou levadas por perto. Todas as águas que sejam captadas à superfície devem ser tratadas com uso de filtro, pastilhas desinfectantes ou fervendo a água.

Rede de telecomunicações: durante uma parte significativa da rota não existe rede de telemóvel.

Contacto de emergência: para além dos normais serviços de emergência, na Serra da Estrela existe uma equipa especializada em situações de busca e resgate pertencente à GNR UEPS – Unidade de Emergência de Proteção e Socorro. O contacto poderá passar pelo 112 ou pelo número disponibilizado no site da GNR: 275 320 660 (Posto de Busca de Resgate em Montanha da Serra da Estrela – Covilhã).

Outros sites com informações do território:

Visit Seia

Aldeias de Montanha

Estrela Geopark

Atenção!

Os trilhos de montanha são naturalmente irregulares e exigem boa condição física e destreza para ultrapassar obstáculos. Podem existir obstáculos que impliquem trepar ou destrepar com ajuda das mãos, passagens expostas e com risco de queda, linhas de água que podem ser complicadas (ou impossíveis) de ultrapassar após períodos de chuva intensa ou durante o degelo, partes do trilho cobertas de gelo ou neve… Ou seja, o normal na montanha para quem está habituado a estas coisas, mas um cenário de grande risco para quem não faça ideia onde se vai meter.

Também é fundamental ter bons conhecimentos de orientação em terreno de montanha ou, pelo menos, ir acompanhado por alguém capaz de guiar a caminhada. Muitos dos trilhos da Serra da Estrela pecam por falta de gestão/manutenção adequada, sendo a sinalização dos trilhos muitas vezes de fraca qualidade ou inexistente. Nestes trilhos mais remotos e menos percorridos, a orientação é ainda dificultada pelo pela vegetação que ocupa os trilhos, pela falta de manutenção e pelo pouco uso dos trilhos. 

Acampada livre em Portugal

A legislação portuguesa não permite, de forma geral, acampar fora dos locais regulamentados (DL n.º 310/2002, de 18 de Dezembro). Esta lei é proibitiva de forma cega e, mesmo em terrenos privados e com autorização do proprietário, apenas se pode acampar depois de obter uma licença do município e pareceres positivos do delegado de saúde e do comandante da GNR/PSP.

A pernoite em tenda ou bivaque durante actividades de montanha sempre foi e continuará a ser praticada por caminheiros e montanhistas. Regra geral, estes utilizadores são ambientalmente conscientes e respeitadores do meio em que desenvolvem a sua actividade. No entanto, a falta de enquadramento legal de excepção para a pernoite em tenda ou bivaque ao longo de rotas de longa distância, resulta até na impraticabilidade de utilização de boa parte das nossas Grandes Rotas (oficiais) ou na desobediência civil por parte dos seus utilizadores.

Independentemente dos contornos legais da pernoite na montanha, devemos sempre cumprir com a regra essencial de qualquer actividade ao ar livre: não deixar rasto da nossa passagem. Não façam ruído, não façam fogueiras, não deixem lixo, não danifiquem a vegetação. Para montar a tenda ou instalar o vosso bivaque, escolham locais discretos, afastados das estradas ou qualquer outro acesso de veículos. Apenas montem tendas ao final do dia e levantem o acampamento logo depois do amanhecer.

Pernoitar na montanha é uma decisão pessoal e consciente.

Se gostas dos conteúdos que aqui partilho, podes apoiar directamente o meu projecto com o envio de um donativo. É tão simples como pagar um café.

Segue o link, escolhe o montante e a forma como queres enviar o teu donativo (MBWay ou Multibanco).

A forma mais simples e directa é por MBWay: basta colocar o teu número de telemóvel para receber a notificação e confirmar o envio do donativo. Podes (opcionalmente) colocar os teus dados ou enviar o donativo anonimamente. O valor com que queres retribuir fica ao teu critério, seja o valor de um café ou o da cafetaria inteira.

Todos os conteúdos criados pelo projecto Portugal Outdoor são partilhados de forma livre e gratuita com toda a comunidade, mas o teu apoio será fundamental para chegarmos mais longe.

Obrigado!

Envia-me o teu feedback

Se já conheces esta rota envia-me o teu feedback

Podes enviar e-mail para portugaloutdoor.pt@gmail.com ou mensagem pelas redes sociais

subscreve a newsletter

* indicates required